Algumas dessas pessoas que dizem que a Bíblia tem contradições nem sequer sabem o que é uma contradição.
As contradições são problemas lógicos e não problemas literários.
Convém recapitular o que é uma contradição.
A ciência que estuda as contradições é a
Lógica.
De acordo com a Lógica, uma contradição é uma frase, proposição ou fórmula do
género «este homem casado é solteiro», «aquele animal é todo preto e todo branco»,
«desenhei um triângulo quadrado» ou «a Bíblia é divinamente inspirada e a Bíblia não é divinamente inspirada» ou «é proibido matar e não é proibido matar». Acresce que – como lembra a Enciclopédia de Termos Lógico-Filosóficos (de João Branquinho/Desidério Murcho, sob a entrada «Contradição» –, só existe contradição quando uma frase,
proposição ou fórmula «é falsa em todas as interpretações», ou seja é falsa em todas as
situações possíveis. Ora, as pessoas com conhecimentos científicos adequados sabem que a
Bíblia não tem e não pode ter contradições, visto que, para isso, seria necessário
(1) selecionar pelo menos duas frases da Bíblia,
(2) demonstrar que cada uma dessas frases só pode ser verdadeira numa única situação;
(3) demonstrar que não existe nenhuma situação em que ambas as frases sejam verdadeiras. Simplesmente, é impossível fazer a demonstração de (2) e (3).
Na verdade, a Lógica e a Matemática ensinam-nos que há coisas
que não existem.
Por exemplo, não existem quadrados redondos, nem existe um número
maior que os outros todos, e não existe nem é possível descobrir ou inventar um calmante que excite as pessoas.
Semelhantemente, a Lógica e a Matemática, em particular a Teoria
dos Conjuntos, ensinam-nos que é impossível encontrar contradições na Bíblia.
Tentar encontrar uma contradição na Bíblia é a mesma coisa que tentar encontrar um homem solteiro que seja casado.
Esta é a segunda razão pela qual os proponentes e defensores da
tese de que a Bíblia contém contradições se expõem ao ridículo perante a comunidade
científica, filosófica e acadêmica.
Assim, mesmo que a Bíblia do Cético Comentada analisasse a própria Bíblia – e não uma tradução –, afastando, deste modo, a falácia do espantalho, o seu fracasso em provar qualquer contradição da Bíblia é sempre completo e absoluto, como a Lógica o demonstra.
Submetidas as alegadas contradições da Bíblia à análise científica proporcionada pela maquinaria pesada da semântica, da sintaxe, da pragmática e da lógica, verifica-se que nenhuma dessas «contradições» é genuína.
Todas são fabricadas pelo intérprete, pelo
tradutor ou por ambos, através de uma operação ou manobra de acréscimo de texto que não consta no texto da Bíblia.
Muitas dessas pessoas que dizem que a Bíblia tem contradições nem sequer sabem o que é a Bíblia.
A Bíblia é um livro em língua hebraica (com alguns trechos em aramaico) e em língua grega, composto de contributos de cerca de quarenta escritores, começando por Moisés, no ano 1513 aprox ,antes da nossa era, e terminando em João, no ano 98 da nossa era.
Designemos por a esse livro, a Bíblia. Acontece que o objeto a tem sido traduzido para muitas línguas. Designemos por x uma qualquer das traduções de a. Observe-se que a e x são objetos distintos. Por exemplo, todo o x é posterior a a e nenhum x é escrito, nas mesmas passagens,
na língua hebraica, aramaica e grega do tempo de a; ademais, a pode existir sem existir x, mas x não pode existir sem existir a, e a é absolutamente independente de x, sendo que nada do que afeta x afeta a. Ora, a simples inspeção ao site da Bíblia do Cético Comentada revela que aí
se não trata do objeto a, a Bíblia. Aí se trata de um objeto x, que é distinto.
A Bíblia não é um livro em língua portuguesa, nem em língua inglesa.
Nestas línguas o que existe são traduções.
Note-se até que há pelo menos uma organização que traduziu a Bíblia para a língua.
Para o cético ou incrédulo a Bíblia pode parecer cheia de contradições, mas eu Daniel Duarte depois 11 anos de leitura quase diária percebo que a maioria daquilo que é apresentado como contradição não passa de falta de entendimento.
A primeira condição para se ler a Bíblia é levar em consideração o que está escrito, quando foi escrito, para quem foi escrito, em que circunstâncias, com qual objetivo etc. Perca isso de vista e você perde o significado, não só da Bíblia, mas de qualquer outro texto.
Mas essa condição é apenas para uma compreensão intelectual. A compreensão real das Escrituras depende do Espírito Santo e a condição para tê-lo é crer. Portanto, sua real compreensão está além da capacidade do cético ou do incrédulo.
Uma aparente contradição é o modo como Judas morreu. Em Mateus 27:5 diz que "retirou-se e foi-se enforcar". Em Atos 1:18 diz que "precipitando-se, rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram". Afinal, enforcou-se ou despencou de um precipício? As duas coisas.
Quando Barzan Ibrahim al-Tikriti, o meio-irmão de Sadam Hussein, foi enforcado, o impacto da corda estirada causou sua decapitação. Quem estivesse sobre o cadafalso diria que ele foi enforcado. Quem estava sob o cadafalso disse que ele morreu decapitado.
Judas provavelmente se enforcou em um lugar alto o suficiente para precipitar-se, com o rompimento da corda ou do que a prendia (galho, por exemplo). Depois de morto, seu corpo apresentava os ferimentos de uma queda de um lugar alto.
Algumas das chamadas contradições pelos céticos podem entrar facilmente na categoria das exceções. É o caso da proibição da confecção de imagens em Êxodo 20 e a ordem para fazer dois querubins de ouro para ficarem sobre a Arca da Aliança em Êxodo 25, ou o caso da serpente de bronze em Números 21 ou dos leões, bois e querubins que adornavam várias partes do templo em 1 Reis 7.
A primeira ordem tinha o objetivo claro da confecção de imagens com o objetivo de adorá-las, o que não se aplicava às exceções, que tinham a função de adorno. Se eu fosse um israelita na época teria facilmente interpretado que no geral imagens não deviam ser construídas, exceto naquelas condições particulares.
Qualquer contrato dos dias de hoje é escrito assim. "Cláusula tal: Haverá multa no caso do não cumprimento deste contrato etc..." "Cláusula tal: A multa da cláusula anterior não se aplicará em caso fortuito ou de força maior". Simples assim.
Algumas supostas contradições deixam dúvidas se quem as formulou tinha um mínimo de inteligência ou, pelo menos, boa vontade. Encontrei um site cujo autor considerava contradição a passagem que fala da proibição do judeu comer morcegos. "Toda a ave limpa comereis. Porém estas são as que não comereis: a águia, (...) a poupa e o morcego..." (Dt 14:13-18). O autor do site considerou uma contradição chamar morcego de ave: "Para a Ciência, apesar de voar, o morcego é um mamífero, porque mama quando pequeno".
Obviamente o versículo está classificando "aves" como animais alados, ou que têm asas, e não da mesma forma que a ciência moderna classifica. Se ele viajar à Europa, verá que a União Européia classifica a cenoura como fruta! Isso mesmo. Foi preciso fazer isso para os portugueses poderem exportar sua geléia de cenoura, já que a definição de "geléia" para receber incentivos comerciais restringia-se às feitas de frutas.
O mesmo autor que não gostou do morcego ser chamado de ave comenta o Salmo 58:8: "Como a lesma que se derrete..." Revelando ser alguém que não conhece a linguagem poética, ele ironiza: "Seria essa uma referência a um tipo de lesma medieval, já extinta?".
"Salmos" equivalem a cânticos e poemas, nos quais a linguagem poética é abundante. Então ali as lesmas "derretem", porque é o que parece acontecer ao observador comum, os campos "se alegram" e as árvores "se regozijarão" (Sl 96:12), os céus "louvam", se "alegram", "anunciam" etc.
Não é preciso muito esforço e nem inteligência acima do normal para entender isso. Agora, para não entender, aí sim é preciso uma boa dose de insensibilidade.
RECAPITULAÇÃO DE CONCLUSÃO:
Daniel Duarte
www.youtube.com.br/c/DanieldDarteejs
danielduarteestudobiblico.blogspot.com
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