quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

A imposição das mãos é uma ordenança clerical?




🙌🏻 A   i m p o s i ç ã o   d e   m ã o s    é    u m a    o r d e n a ç ã o    C l e r i c a l?

O que dizer de Atos 13:1-4? "E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram". A passagem parece demonstrar ser necessário que alguém, até mesmo um apóstolo, seja ordenado antes de sair para pregar.

Muitas das ideias que as pessoas têm sobre os assuntos divinos vêm da leitura casual da Palavra de Deus. Elas nem sempre se dedicam a buscar as Escrituras com atenção e oração, antes de chegarem às suas conclusões. Este assunto da imposição de mãos é um excelente exemplo disso. Não temos autoridade para dizer que Atos 13:1-4 esteja se referindo a uma ordenação. Ali não diz ser uma ordenação, e a palavra (ordenar) nem sequer aparece na passagem. Ela menciona a imposição de mãos, mas não passa de suposição achar que uma ordenação seja feita pela imposição de mãos. Sempre que a Bíblia menciona que anciãos foram ordenados, não há qualquer menção de que isso tenha sido feito com a imposição de mãos! Pode até ser que houvesse imposição de mãos sobre aqueles que eram ordenados, mas as Escrituras não mencionam isso. Pode ser também que os apóstolos (ou os que foram autorizados por eles) tenham feito uma porção de coisas quando ordenaram anciãos, mas seria pura suposição de nossa parte afirmar que fizeram essas coisas, já que as Escrituras não mencionam isso. William Kelly escreveu: "Não tenho dúvida de que o Espírito de Deus sabia da superstição que seria associada à imposição de mãos anos mais tarde na história da igreja, por isso tomou o cuidado de nunca associar a imposição de mãos com a ordenação de anciãos... Eu insisto que, nesta questão de ordenação, a cristandade não percebeu a intenção e o pensamento de Deus, e agora se agarra a uma ordem de coisas que inventou e que não passa de desordem, fazendo isso por ignorância, mas não sem a responsabilidade por seu pecado.

Em Atos 11:25-26 e 12:25 fica claro que Barnabé e Saulo já estavam no ministério antes que os de Antioquia impusessem as mãos sobre eles. Paulo não foi colocado no ministério, como apóstolo, por meio da imposição de mãos daqueles homens. Ele disse que foi o Senhor quem o colocou. Ao escrever a Timóteo, ele disse: "E dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus Senhor nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério" (1 Tm 1:12). Ele não recebeu seu apostolado de homens. Ao escrever aos gálatas, ele disse: "Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos)" (Gl 1:1).

Se a imposição de mãos que vemos em Atos 13 tivesse sido uma ordenação, então quem os ordenou? Simeão, chamado Níger, Lúcio, Manaém, e talvez outros ali? Esses eram profetas e mestres, dons que têm o segundo e terceiro lugares na igreja (1 Co 12:28). Se eles ordenaram os apóstolos, então o menor ordenou o maior. Não pode ser. William Kelly escreveu: "Acaso o apóstolo Paulo considera a imposição de mãos de outros como ordenação para seu ofício especial? Com toda certeza podemos crer que não. Se fosse este o caso, por que ele não fez menção desta ocasião e da imposição de mãos quando reivindicou seu direito de apóstolo? (1 Co 9:1; 2 Co 11:5; 12:12)".

Atos 14:26 explica o que realmente aconteceu quando as mãos de outros em Antioquia foram impostas sobre Barnabé e Saulo. Ali diz: "E dali navegaram para Antioquia, de onde tinham sido encomendados à graça de Deus para a obra que já haviam cumprido". Isto demonstra que os irmãos em Antioquia haviam estendido a eles "as destras, em comunhão" (Gl 2:9). Eles tinham dado a Barnabé e Saulo total comunhão e suporte na obra que estavam para executar. Talvez tenha sido incluída uma ajuda prática ou financeira, além de suas contínuas orações por eles durante a jornada, apesar de as Escrituras não mostrarem estes detalhes. Não existe nada em Atos 13:1-4 que dê a entender que Barnabé e Saulo tenham sido ordenados para ocupar uma posição clerical.

Além disso, o ato de encomendarem Paulo à graça de Deus foi repetido. Aquilo era algo que os irmãos faziam para os servos do Senhor cada vez que eles saíam em uma nova obra para pregarem o evangelho (At 15:40; Gl 2:9). Isto certamente comprova que não se tratava de uma ordenação, pois mesmo aqueles que pensam enxergar uma ordenação em Atos 13 não acreditam que uma pessoa precise ser reordenada a cada um ou dois anos.

Oras, se a ordenação de alguém é capaz de validar o poder que designou aquela pessoa, e as Escrituras não autorizam qualquer poder de ordenar exceto o exercido por um apóstolo ou um enviado seu, então fica claro que aqueles que hoje tentam ordenar não têm poder de Deus para isso. Um irmão, que outrora se submeteu ao sistema humano da ordenação, coloca muito bem a questão: "Eles impuseram suas mãos vazias sobre minha cabeça oca!".

Então, o que dizer de 1 Timóteo 4:14, que admoesta: "Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério [anciãos]"? Esta passagem também mostra a imposição de mãos, porém mais uma vez não há qualquer menção de ordenação. Trata-se de uma suposição na mente das pessoas. A passagem é bem simples. Timóteo tinha um dom do Senhor; e era um dom que fora profetizado por um profeta (ou profetas), de que Timóteo seria usado pelo Senhor no exercício desse dom. Os anciãos reconheceram o dom que ele havia recebido do Senhor e estenderam a ele as destras de comunhão em seu trabalho. Paulo escreveu a Timóteo exortando-o a não negligenciar esse dom, trazendo à sua memória que outros (os anciãos) também o estavam apoiando com seu suporte. Aquilo deve ter sido um tremendo encorajamento para Timóteo.

Mais alguém poderia argumentar:

"Mas na Biblia as pessoas eram ordenadas!"

É comum as pessoas argumentarem que na Bíblia as pessoas eram ordenadas. Sim, a Bíblia nos diz que Paulo e Barnabé ordenaram anciãos de cidade em cidade em uma de suas jornadas missionárias (At 14:23). Mas nas Escrituras não existe uma única evidência sequer de que Paulo, Barnabé, Tito etc. tenham ordenado um pastor, mestre ou evangelista! Pela mesma razão, tampouco há nas Escrituras evidência de que eles tenham ordenado algum profeta ou sacerdote! Não existe qualquer indício de pessoas assim terem sido ordenadas. Onde, na Palavra de Deus, as igrejas denominacionais se baseiam para fazer isso? Cabe aqui uma citação de W. T. P. Wolston: "A ideia está na cabeça das pessoas, e não nas Escrituras". Se essa fosse a vontade de Deus para a igreja, Ele teria nos dado instruções acerca disso em Sua Palavra.

Todavia, é verdade que homens que tinham um dom foram ordenados, mas não com o propósito de levarem adiante o ministério para o qual seu dom os capacitava! Aqueles que eram ordenados pelo apóstolo (ou por alguém autorizado pelo apóstolo) eram designados para ocuparem oficialmente o posto de presbítero (ancião ou guia). Considerando que todos têm um dom, aqueles homens certamente também tinham um dom. Alguns deles poderiam ter o dom de pastor ou mestre (doutor) (1 Tm 5:17), porém insistimos que sua ordenação não era para o exercício do dom, e sim para o ofício para o qual tinham sido designados.

Então Hoje não  existe  mais ordenação?

As assim chamadas "igrejas" das quais temos falado, usam a prática da ordenação para aprovar oficialmente uma pessoa para ministrar entre eles. Porém isso não é encontrado nas Escrituras. Se alguns cristãos criam uma organização à qual dão o nome de "igreja", com seus próprios credos e regras administrativas, obviamente ninguém ali estará livre para ministrar, a menos que seja oficialmente aprovado.

Geralmente é assim que funciona, pois isso faz parte do sistema que eles organizaram. Se alguém quiser ser um ministro nessa denominação, terá de se sujeitar às suas leis e regras. Mas tudo isso só comprova que essas organizações realmente não passam de divisões.

Apesar da maioria dos cristãos acreditarem que tal pessoa deva ser ordenada antes de poder ministrar na igreja, não existe na Bíblia uma só pessoa que tenha sido ordenada por homens para pregar a Palavra para a igreja! Nem sequer uma! Já está na hora de voltarmos às práticas bíblicas neste sentido.

Existem anciaos hoje?

Alguns poderiam perguntar: "Acaso isto significa que você não acredita na existência de anciãos?" Embora não tenhamos hoje alguém autorizado a ordenar anciãos, não devemos pensar que o trabalho deles não continue. Se assim fosse, ao levar os apóstolos para o céu Deus teria deixado as assembleias locais sem uma direção. O Espírito Santo continua levantando homens para efetuarem este trabalho (At 20:28). Geralmente em uma reunião de cristãos congregados de acordo com as Escrituras há homens que se incumbem dessa obra. Eles serão identificados pelo trabalho que executam e devem ser reconhecidos por isso, ainda que não tenham sido oficialmente ordenados para tal ofício. Nossa obrigação é:

Reconhecê-los (1 Ts 5:12; 1 Co 16:15).

Estimá-los (1 Ts 5:13).

Honrá-los (1 Tm 5:17).

Lembrarmo-nos deles (Hb 13:7).

Imitarmos sua fé (Hb 13:7).

Obedecê-los (Hb 13:17).

Sujeitarmo-nos a eles (Hb 13:17).

Saudarmos a eles (Hb 13:24).

Todavia, em nenhum lugar nas Escrituras é dito que a igreja deve ordená-los, simplesmente porque a igreja não tem poder para fazê-lo. O Espírito de Deus deixou claro que previa uma época quando os apóstolos não estariam no mundo para ordenar ancião, por isso nos deixou princípios na Palavra que nos ajudassem a reconhecer aqueles que o próprio Espírito levantou para levar adiante esse trabalho na assembleia local. Paulo escreveu a pelo menos duas assembleias nas quais não havia anciãos ordenados. Mesmo assim, ao dirigir-se a elas, ele apontou um princípio de que deveriam existir alguns irmãos nessas assembleias que efetuariam este trabalho. Isto nos serve como um excelente guia para os dias de hoje, quando já não dispomos de uma ordenação oficial de anciãos.

Ao escrever aos coríntios, Paulo disse a eles que reconhecessem os da casa de Estéfanas e outros semelhantes a eles, "que se tem dedicado ao ministério dos santos". Paulo disse-lhes que os reconhecessem como líderes e se sujeitassem a eles (1 Co 16:15-18).

Ao escrever aos tessalonicenses, Paulo lhes disse que reconhecessem aqueles que trabalhavam entre eles para o bem da assembleia. Eles seriam identificados por seu trabalho em meio ao rebanho. Consequentemente, a assembleia devia tê-los "em grande estima e amor, por causa da sua obra" (1 Ts 5:12-13).

William Kelly escreveu: "O que fazer então? Será que não existem pessoas preparadas para serem bispos ou anciãos, só por não existirem apóstolos para designá-los? Graças a Deus, existem e não são poucos! Dificilmente você encontrará uma assembleia dos filhos de Deus onde não existam alguns homens mais velhos e responsáveis, que saem atrás dos que se desviam, que advertem os indisciplinados, que confortam aqueles que estão abatidos, que aconselham, admoestam e apascentam as almas. Acaso não seriam eles os anciãos, se ainda existisse poder e autoridade para ordená-los? Portanto, qual é o dever de um cristão, dentro da atual realidade e daquilo que ainda nos cabe? Não digo que deva chamá-los de anciãos, mas certamente deverá estimá-los com alta estima por causa de seu trabalho, e amá-los e reconhecê-los como aqueles que cuidam de seus irmãos no Senhor".

O que pensam disso os "Pastores" e "Ministros"?

É provável que alguém pergunte ao "Pastor" de sua denominação a respeito destas coisas, e acabe escutando que tudo o que dissemos aqui está errado. É compreensível. O mais provável é que ele não aceite estas verdades, pois elas condenam a própria posição que ocupa. Se estas coisas fossem reconhecidas, que impacto elas não teriam sobre um homem ocupando uma posição de "Pastor"! Em virtude de seu "ministério" ser exercido como uma profissão, as consequências práticas para ele, caso aceitasse estas verdades, seriam a perda de seu salário regular. É bastante improvável que alguém numa posição assim venha a admitir estas coisas.
Não estamos insinuando com isto que os assim chamados "Pastores" e "Ministros" estejam no "ministério" apenas pelo emprego. Eles podem muito bem estar fazendo seu trabalho conscientemente, mas abandonar um posto assim traria grande prejuízo para alguém nessa condição. Se o cristão comum quiser abandonar a ordem de coisas existente nas igrejas e que foi criada pelo homem, para viver segundo o cristianismo bíblico, ele não terá muito a perder, se comparado a um clérigo. Mesmo assim, se um clérigo for fiel à Palavra de Deus e agir em obediência ao Senhor, Deus irá cuidar dele, pois Ele prometeu: "Aos que me honram honrarei" (1 Sm 2:30; 2 Cr 25:9).


www.youtube.com.br/c/DanielDuarteejs

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