quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

O Sacerdócio de todos Crentes




🛐 O   S a c e r d ó c i o    d e    T o d o   S a l v o s

O significado da palavra "sacerdote" é "aquele que faz a oferta" (Hb 5:1; 8:3; 1 Pd 2:5). Um sacerdote é alguém que tem o privilégio de entrar na presença de Deus em lugar do povo. Na Nova Aliança o sacerdote exerce seu sacerdócio ao oferecer os sacrifícios de louvor a Deus, e ao apresentar as petições a Deus em oração (Hb 13:15; 1 Jo 5:14-15). Todavia, uma das causas da fraqueza e confusão que prevalece nas denominações é que, em muitos casos, o sacerdócio é considerado como um direito limitado a uma classe privilegiada de pessoas, algumas delas que nem sequer são salvas!
A verdade é que todos os cristãos são sacerdotes. É isto que as Escrituras ensinam. O livro de Apocalipse declara que os cristãos são feitos "sacerdotes para Deus" por meio da fé na obra consumada de Cristo na cruz (Ap 1:6; 5:10). A epístola de Pedro confirma isto, dizendo que "vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo" (1 Pd 2:5, 9). Além disso, a epístola aos Hebreus exorta todos os cristãos a se aproximarem de Deus além do véu, entrando no santuário ou "santo dos santos" (Hb 10:19-22; 13:15-16). O fato de dizer que o Senhor é o "Grande Sacerdote" ou "Sumo Sacerdote" implica que existe um grupo de sacerdotes que está abaixo dEle. Ele não presidiria como "grande" ou "sumo" sacerdote se não existissem sacerdotes sob Ele. Pela mesma razão, uma pessoa não seria chamada de líder de algum grupo de pessoas se não existissem pessoas para ele liderar. A exortação em Hebreus 10:19-22 visa encorajar os cristãos a se aproximarem de Deus e desempenharem seus privilégios sacerdotais.
Em cada uma das passagens do Novo Testamento onde o assunto do sacerdócio é tratado, não há qualquer menção -- nem uma sequer -- de que apenas alguns dentre os santos sejam sacerdotes. Tampouco existe em qualquer outro lugar do Novo Testamento algo semelhante. Quando o Novo Testamento fala de sacerdócio, ele se refere, sem exceção, a todos os crentes como constituídos com este privilégio. Além do mais, essas passagens não apenas nos falam que todos os cristãos são sacerdotes, como também aprendemos delas que somos sacerdotes com privilégios que vão além daqueles que tinham os sacerdotes da época do Antigo Testamento. Um sacerdote na Nova Aliança  pode aproximar-se da própria presença de Deus, no santo dos santos. Esse é um lugar aonde nenhum filho de Aarão podia entrar. Até mesmo quando Aarão, o sumo sacerdote em Israel, entrava uma vez por ano além do véu, ele não o fazia com ousadia, como podemos fazer agora. No dia da Expiação ele entrava ali com medo de morrer, mas nós podemos entrar "em inteira certeza de fé". Além disso, os sacerdotes da linhagem de Aarão prestavam um culto do qual pouco compreendiam. Eles não sabiam por que deviam fazer as coisas que lhes eram ordenadas. Mas nós temos um "culto racional" (Rm 12:1). Podemos desempenhar nossas funções sacerdotais com entendimento de tudo aquilo que fazemos na presença de Deus.
Portanto, considerando que as Escrituras ensinam que todos os cristãos são sacerdotes, e que todos nós temos igual privilégio de desempenhar nosso sacerdócio na presença de Deus, fica claro que não existe a necessidade de um clérigo para fazer isso pelos demais. Nas reuniões de adoração e oração (quando os cristãos exercitam seu sacerdócio), tudo o que precisamos é esperar no Espírito de Deus para que Ele dirija as orações e os louvores dos santos. Se permitirmos que Ele lidere na assembleia, no lugar que Lhe é de direito, Ele irá guiar um irmão aqui e outro ali a expressar de forma audível uma adoração e louvor, como quem fala por toda a assembleia. (Evidentemente entendemos que não somente desempenhamos nosso sacerdócio nas ocasiões em que estamos congregados em uma assembleia. A qualquer momento um cristão pode entrar na própria presença de Deus em oração e adoração e desempenhar seu papel de sacerdote. Mas no contexto deste  estamos falando de cristãos reunidos em uma assembleia para adoração e ministério).
Quando compreendemos a proximidade do relacionamento que todos os cristãos têm como parte do corpo e noiva de Cristo, podemos ver como a ideia de uma casta ministerial mais próxima de Deus do que os demais é totalmente incompatível com isso (Ef 2:13; 5:25-32). Se nós, como cristãos, adotarmos uma classe de pessoas assim, estaremos negando que somos capacitados, como sacerdotes, a oferecer sacrifícios espirituais a Deus. Na prática isso destrói os privilégios do cristianismo e, em certo sentido, restaura o judaísmo, ou ao menos nos leva de volta para aquele nível.
Enquanto algumas poucas denominações chegam ao ponto de possuírem um clérigo com o título de "Sacerdote" (dando a entender que os demais naquela denominação não o são), a maioria das igrejas chamadas evangélicas denomina seu clérigo de "Pastor" ou "Ministro". Isso faz pouca diferença, pois uma posição assim na igreja não está de acordo com a verdade das Escrituras. Trata-se de uma função puramente inventada pelo homem.

Quem deveria liderar a congregação?

Alguém poderá perguntar: "Se nos reunirmos do modo como foi sugerido no texto acima  anterior, quem iria liderar essas reuniões?".
Gostaríamos de responder dizendo que se nós realmente crermos que o Senhor Jesus está no meio, conforme prometeu, iremos desejar que Ele lidere e dirija por intermédio do Espírito. Quando Cristo subiu ao céu, enviou o Espírito Santo ao mundo para habitar na igreja justamente para isso (Jo 7:39; At 2:1-33). As principais funções do Espírito no cristianismo são: exaltar a Cristo, unir os membros do corpo de Cristo neste mundo à Cabeça no céu por meio de Sua presença na igreja, e guiar a igreja em todas as coisas, seja em adoração (Fp 3:3), oração (Ef 6:18; Jd 20; At 4:31), ministério (Jo 14:26; 16:13-15; 1 Co 12:11), ou evangelismo (At 8:29; 13:1-4; 16:6-7). A partir do momento em que o Espírito de Deus foi enviado ao mundo no dia de Pentecostes, será em vão procurarmos no Novo Testamento por algum dirigente humano além da soberana direção do Espírito Santo! É Ele quem deve liderar as reuniões da igreja.
Todos os grupos de cristãos dirão que contam com a presença do Espírito, mas para provar se cremos ou não na presença e no poder do Espírito basta ver se estamos permitindo que Ele dirija as coisas nas reuniões da igreja. O que as Escrituras exigem de nós é que tenhamos fé no poder do Espírito, deixando que Ele faça o Seu papel empregando quem Ele quiser para falar nas reuniões. A fé é essencial para todo aquele que deseja se reunir em conformidade com a ordem de Deus nas Escrituras, e isto não deveria causar surpresa em nós que somos cristãos, já que cada passo de nosso caminho deveria ser dado em fé. "A vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim" (Gl 2:20). E também, "o justo viverá da fé" (Gl 3:11).
Foi pelo poder do Espírito que Deus fez o mundo e tudo o que nele existe (Jó 26:13; 33:4; Gn 1:2), portanto podemos ter certeza de que Ele é capaz de liderar alguns cristãos congregados para adoração e ministério. Se tivermos Alguém tão grande e competente como é esta Pessoa divina presente no meio dos santos congregados, não precisaremos designar um homem para fazer o Seu serviço, não importa quão capacitada essa pessoa possa ser. C. H. Mackintosh escreveu: "Se Cristo está em nosso meio (Mt 18:20), por que ousaríamos pensar em colocar alguém para presidir? Por que não conceder a Ele o Seu lugar de direito e deixar que o Espírito de Deus nos lidere e nos dirija na adoração e no ministério? Não há qualquer necessidade de termos uma autoridade humana".
Todavia as denominações colocaram um homem (um "Pastor" ou "Ministro") para conduzir a adoração. Na Bíblia, porém, não encontramos que Deus jamais tenha colocado um pastor ou ministro para conduzir a adoração da igreja. Citando W. T. P. Wolston a esse respeito, "existe na cristandade a ideia de que pastor é alguém colocado para dirigir uma congregação. A ideia está na cabeça das pessoas, mas não nas Escrituras!" Se esta não é a ordem de Deus, então fica claro que deve ser uma invenção humana. Ter um homem colocado na assembleia para "ministrar" a ceia do Senhor certamente é um erro monstruoso, pois não existe qualquer sinal na Palavra de Deus de que um homem, nem mesmo um apóstolo, tenha sido designado para fazer isso. As Escrituras simplesmente dizem que os discípulos ajuntavam-se "para partir o pão" (At 20:7).
Ainda assim essa organização humana está tão disseminada na cristandade que pode ser encontrada desde a catedral de São Pedro em Roma até a menor capela evangélica. Ao invés dos crentes se congregarem para a adoração e o ministério somente em nome do Senhor, aguardando pela direção do Espírito para guiá-los, dificilmente é encontrada sequer uma reunião de oração em que não exista alguém (um líder da oração) designado para conduzi-la. O que é isso, senão o homem usurpando o lugar do Espírito Santo? Trata-se da triste consequência de se duvidar da presença pessoal do Senhor no meio dos santos. Designar um homem, por mais capacitado que seja, para liderar e conduzir as reuniões da assembleia é negar na prática a presença e o poder do Espírito Santo. Na verdade isto é até mesmo ignorar ou duvidar da competência do Espírito Santo para dirigir as reuniões. Quão triste é vermos que esse tipo de interferência humana colocou de lado a simplicidade da ordem divina. Que o Senhor possa livrar o Seu povo desse sistema de coisas que é tão contrário aos Seus pensamentos.


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